Há pessoas na minha vida que, por aquilo que fizeram ou disseram, já me desiludiram. Uma, duas vezes. Mas não faz mal. Ou se calhar faz, mas acho que vale a pena mantê-las comigo. Existem outras, porém, com quem cortei de vez. Pela gravidade do que fizeram ou por já terem feito o mesmo a outros, optei por varrê-las num só golpe. Assim não há incómodos, não há o alimentar de ódios ou ruminações. E isto dá uma tranquilidade enorme à minha vidinha.
Agora, no entanto, há uma pessoa que eu, por mais que tente, não me consigo livrar. Não consigo varrer para a rua, juntamente com o cotão e as baratas. Entra-me em casa todos os dias, todo o santo dia. Nos noticiários, nos jornais, na rádio, na internet. Já tentei deixar de ver notícias, o que para uma viciada em informação só a tentativa é já um feito notável. Em vão. Porque sinto na pele as consequências das suas decisões, das suas birras, as forças hercúleas com que se agarra ao poder só pelo poder. Eu e mais 10 milhões de portugueses.
Por motivos constitucionais alheios à minha vontade, vou ter que aguentar esta pessoa mais quase um ano.
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