domingo, 21 de junho de 2009

Donzela indefesa

Foi preciso chegar aos 27 anos.

Depois de já ter vivido fora de casa durante 8 anos, um e meio dos quais completamente sozinha num apartamento de rés-do-chão. Em países diferentes, entre eles Israel. De ser "veterana de guerra" e de passar a vida a atravessar check-points. De voltar para casa sozinha seja a que horas fôr. De ter ido sozinha para o Brasil durante um mês. De me desenvencilhar sem precisar da ajuda de ninguém. De pegar numa chave de fendas e tratar dos problemas de canalização da minha casa-de-banho. De gritar quando é preciso, seja o meu senhorio ou o meu ex. De matar baratas voadoras do tamanho de ratazanas. De ter montado o meu sofá do IKEA sozinha. De ter puxado sozinha rua acima durante mais de 1km uma mala de 33kg com as rodas partidas.

Foi preciso chegar aos 27 anos para perceber que, apesar de tudo isto, eu afinal gosto de um homem que me proteja. Alto e de ombros largos. Que atravesse a pista de dança com o braço à minha volta para que ninguém me dê um empurrão. Que se levante e diga ao idiota que me está a chatear "I need you to go now, sir. Please step aside now, sir". Que salte as grades da minha residência só para eu não ter que descer para lhe abrir o portão.

Lá se vai todo o meu feminismo por água abaixo.

11 comentários:

Piston disse...

Uma coisa não impede a outra. Acho que é isso que não entra na cabeça de muita donzela.

Su disse...

Eu acho que impede porque quando se abre a porta à protecção, não se sabe onde se vai parar.

Mª João disse...

Há os inícios das guerras, os aviões que se partem em pleno voo e as revelações da Susana.

Em qualquer dos casos o meu coração pula com muita intensidade!

Anónimo disse...

Hihihi


Ass.: a sua anónima fã,fã

Su disse...

agora imagina quando as minhas revoluções se juntarem com os inícios das guerras!

Su disse...

eu queria dizer revelações e não revoluções.
eh a questão iraniana que ja me está a baralhar

Piston disse...

O medo é compatível com a independência?

Su disse...

o medo é o que nos mantém vivos, é instinto animal. A coragem não é a falta de medo, é a capacidade de enfrentá-lo.
Dito isto, a questão é que a protecção pode ser muito engraçada no inicio, mas pode levar a paternalismos e reacções violentas contra as ameaças.

Piston disse...

A coragem deve ser superior ao medo de paternalismos e de reacções violentas.
Isso leva-me a outro ponto: acho que há muita donzela que em caso de receber insultos ou pressões indesejadas, violência apenas verbal, prefere uma protecção activa (porrada nele) que uma protecção passiva, que é bem mais sensata, a menos que o agressor passe a ofensas físicas.

KoHouTak disse...

À medida que foste amadurecendo, foste te aproximando mais daquilo que eu vi em ti quando te conheci susaninha! Nunca me enganaste! Ainda acabas casada e com um monte de pirralhos! :) Os susaninhos! :)

Su disse...

Eu sou contra violência!!! Ou mais ou menos... é verdade que estou a estudar conflitos armados. Mas vou parar a discussão por aqui porque se começo a racionalizar, isto perde a piada.
Zezinho, quando souberes a história que me levou a fantasiar isto (sim , porque não passa de uma fantasia), vais perceber que eu continuo a velha susaninha de sempre e não aquela que tu queres que eu seja. ;)